sábado, 1 de maio de 2010

Salas de aula do futuro?



Aulas por meio de televisões em 3D, robôs e lousas de alta tecnologia, este é o protótipo de uma sala de aula do futuro que foi apresentada na feira Interdidática, no Palácio das Convenções do Anhembi. Aprender física e matemática por meio da robótica, com projetos de robôs elaborados pelos alunos, como por exemplo, um chapéu mexicano ou uma roda-gigante em miniatura. E o que dizer de uma lousa em que o professor escreve e todo o conteúdo aparece na tela do computador que está na carteira dos estudantes? Eis aí uma maneira super divertida de se ensinar e aprender utilizando a tecnologia. Mas isso tem um custo e que por acaso é alto, apenas uma TV 3D e dez óculos custam cerca de R$: 8.500.

Uma bela sala de aula, esbanjando tecnologia pelos quatro cantos da parede, mas que foge totalmente da realidade da educação Brasileira.

Na reportagem exibida pelo SPTV no dia 30/04, a educadora Claudilene Salvador, me chamou muito atenção pelo que ela diz na entrevista: “É exatamente o que os alunos, hoje necessitam, eles estão cansados da mesmice, só que infelizmente falta um pouquinho mais de investimento. Quando é que uma sala dessas vai estar à disposição dos nossos professores?”

Acredito que os alunos estão cansados da mesmice, o professor lá na frente falando e falando e falando e os alunos apenas sentados em carteiras observando e recebendo passivamente todo esse conhecimento, é o que o Paulo Freire chama de educação bancária, em que o educador deposita conhecimento nos educandos. Isso é chato cansativo e faz com que a escola de torne menos atrativa. Eu admito que quando ia pra escola, a minha maior alegria era ver os meus amigos e não assistir as aulas em si.

Mas creio que para acabar com essa “mesmice” não é preciso ter uma “sala do futuro” como esta, o que adianta ter uma sala equipada com tecnologias e um professor que utiliza práticas pedagógicas totalmente anacrônicas?

Essa semana ao assistir o programa Mais Você, vi uma reportagem, na verdade uma homenagem a um professor, Sr. Jarbas D’Ávila, que dá aulas na rede pública a cerca de 30 anos e que nenhum dos seus alunos dizem que a aula dele é uma “mesmice”, ao contrário, ele é querido pelos alunos, tanto é que uma de suas alunas decidiu se tornar professora por causa das aulas ministradas pelo Sr. Jarbas, (motivo pelo qual foi homenageado no programa) que foi até chamado de O CARA por uma de suas alunas, e não ele não usa TV 3D, computadores ou qualquer coisa do gênero. Como ele consegue isso? Aulas dinâmicas, com conteúdo interdisciplinar, a aula é de história, mas exige produção de jornais e quadros, o que envolve português e educação artística, matemática, geografia, ele utiliza materiais acessíveis ao nosso bolso, e que em alguns casos é o Estado quem distribui, ou seja, é a boa e velha criatividade, o amor ao que faz.

A mesmice não está nos materiais utilizados em sala, mas sim em como eles são utilizados pelo educador.

Falta de investimento na educação é o que mais existe, para os nossos governantes é muito mais importante investir na Copa do mundo e nos jogos Pan Americanos do que na educação.
De acordo com a jornalista Mariana Godoy, no Interior de São Paulo, escolas municipais da cidade de Serrana já estão começando a usar esta lousa interativa, legal, mas e as outras escolas do Brasil? E aqueles da região Nordeste em que os alunos mal possuem uma cadeira para sentar?

Educação de qualidade, professores qualificados e bem remunerados, com vontade de ensinar com prazer e amor, é isso que deve estar presente em uma escola, uma sala do futuro.

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